Quando você for assistir ao filme “Star Trek: Além da Escuridão”,
que estreia em junho nos cinemas brasileiros, repare em algumas cenas
que mostram alguns torpedos sendo colocados à bordo da espaçonave
Enterprise.
O cenário em que essas imagens foram gravadas é o National Ignition
Facility (NIF), localizado na Califórnia, uma das instituições com maior
prestígio na comunidade científica no mundo. O local abriga aquele que
hoje pode ser considerado o laser mais poderoso do planeta Terra.
Mais quente do que o Sol
Ao menos 60 vezes mais poderoso do que qualquer outro laser criado
até hoje, a novidade que está sendo desenvolvida pela equipe do NIF pode
ser considerada o maior instrumento óptico já construído no planeta.
Ele conta com cerca de 7,5 mil lâmpadas de flash e mais de 97
quilômetros de espelhos e fibras ópticas.

Área interna do NIF. (Fonte da imagem: Reprodução/NIF)
Para entrar em funcionamento, o dispositivo gera um pulso de fótons
de baixa energia, usando fibra óptica de laser. O pulso é subdivido em
192 feixes, que são amplificados e transportados pelos cabos de fibra
óptica. Em seguida, poderosas lâmpadas brancas de laser são utilizadas
para energizar folhas de neodímio impregnadas com uma camada de fosfato.
O resultado desse bombardeio energiza os elétrons nos átomos de
neodímio. Ao serem amplificados, os elétrons voltam ao seu estado
fundamental e, nesse processo, mais fótons são lançados. Os novos fótons
colidem uns com os outros, vibrando juntos e criando uma onda que viaja
em direção única.

Técnico realiza manutenção em equipamento do NIF. (Fonte da imagem: Reprodução/NIF)
Um dispositivo óptico que funciona como um espelho amplifica esse
processo, fazendo com que essas ondas viajem continuamente em um esquema
de vai e volta. O processo gera feixes de até 20 joules de energia. O
poder dos 192 feixes atinge o alvo, de 5 milímetros, viajando 1,5 mil
metros em 4,5 microssegundos, a uma temperatura de 100 milhões de graus
Celsius – o que equivale a mais de seis vezes a temperatura do núcleo do
Sol.
Geração de energia
“O NIF está se tornando tudo aquilo que os cientistas que o
conceberam planejaram há duas décadas”, explica Edward Moses, diretor do
NIF. Caso o instituto obtenha avanços em suas pesquisas, os benefícios
para a humanidade podem ser imensos, entre eles a geração de energia
partir da fusão a laser, uma energia completamente limpa.
Contudo, há quem defenda que o trabalho realizado no NIF é perigoso
demais – e caro pelos avanços conseguidos até agora. Mesmo entre os
pesquisadores do instituto não há consenso entre as metodologias
adotadas no trabalho e, embora a experimentação seja o único caminho
para novas descobertas nesse campo, alguns cientistas temem que a
tecnologia possa servir para a fabricação de poderosíssimas armas laser.
Em resumo: os resultados da fusão a laser podem transformar o mundo
em um lugar muito melhor ou, infelizmente, destruí-lo de uma vez por
todas. Resta saber de que maneira as pesquisas vão caminhar e de que
forma a tecnologia será utilizada caso seja possível chegar a resultados
positivos.
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